Revelando os Brasis | Santarém Novo revive a magia do cinema

EDIÇÃO - Ano V

Santarém Novo revive a magia do cinema

No norte brasileiro, no silêncio das noites amazônicas, dois meninos quebraram a rotina e despertaram o sossego de um povoado ao protagonizarem um estranho caso de sonambulismo. A ficção escrita pela professora Renata Loureiro da Silva, moradora de Santarém Novo, no Pará, foi selecionada pela quinta edição do Revelando os Brasis. Com o envolvimento e a dedicação da comunidade, a autora se empenhou nas gravações das cenas do curta-metragem “Os Sonâmbulos” nos últimos dias de 2014. Assim como Renata, outros 19 moradores de cidades pequenas vindos de várias partes do Brasil participaram das Oficinas Audiovisuais realizadas pelo projeto, no Rio de Janeiro, em fevereiro de 2014. Os autores estudaram com especialistas renomados da área do cinema noções básicas sobre roteiro, produção, direção, fotografia, direção de arte, som, dentre outras disciplinas. Eles receberam dicas sobre como transformar as histórias que contaram em documentários ou ficções de curta-metragem. O Revelando os Brasis promove a democratização do acesso aos meios de produção audiovisual, oferecendo aos moradores das pequenas cidades com até 20 mil habitantes a possibilidade de contar suas próprias histórias através do cinema. Trata-se de um instrumento de registro da memória e da diversidade cultural do país e revela novos olhares sobre o Brasil. O projeto é realizado pelo Instituto Marlin Azul com patrocínio da Petrobras através da Lei Rouanet. História – Os irmãos Joaquim e Matias pareciam sofrer de um sonambulismo de arrepiar tanto os mais crentes quantos os mais incrédulos, tanto os mais científicos quanto os mais supersticiosos. Os meninos acordavam no meio da madrugada e vagavam pelas ruas até o porto antigo, onde voltavam a dormir em uma canoa encalhada. Nas primeiras noites, o avô, o velho Neco, logo ao descobrir a situação tratou de acompanhar, cuidadosamente, os garotos. A notícia se espalhou pelo povoado e para fora dos limites da vila e, nas noites seguintes, pessoas da localidade e de sítios vizinhos, motivados pela curiosidade e o espanto, passaram a acompanhar o estranho caso, formando uma peregrinação. No entanto, o mistério escondia uma trágica história. Quem quiser saber como termina o curta-metragem terá de esperar o lançamento do suspense, ainda este ano, durante o Circuito Nacional de Exibição do Revelando os Brasis, quando o projeto percorrerá as cidades com autores selecionados e as capitais dos estados participantes para exibir os filmes em telas de cinema montadas em ruas e praças das comunidades. Segundo Renata, a história é baseada em relatos do seu pai, acessados das lembranças da infância do progenitor. No entanto, ela buscou outros elementos para criar um relato carregado de mistérios. Esta é a segunda vez que o município paraense participa do projeto. Na segunda edição, lançada no ano de 2006, o morador da cidade, João Loureiro Júnior, foi selecionado com a história O Grande Balé de Damiana, ficção criada a partir de manifestações da cultura local como o Carimbó e a religiosidade católica. “A única relação que a cidade teve com o cinema até hoje foi a participação na segunda edição do Revelando os Brasis. Naquela época, esta experiência da comunidade me emocionou muito. Isso me motivou a me inscrever na quinta edição”, destaca Renata, que sempre gostou de escrever e aproveitou cada momento do curso audiovisual, no Rio de Janeiro, a fim de preparar o seu roteiro da melhor forma para as filmagens. Professora das séries iniciais, a paraense formada em Magistério tem 34 anos e está cursando Pedagogia pela Universidade Federal Rural da Amazônia. Ela conta que a oportunidade da cidade de participar novamente do projeto gerou muita expectativa da comunidade que não poupou esforços e se empenhou durante a gravação. “Quando eu fui selecionada, percebi que era possível sonhar. A realização deste filme é um sonho a ser realizado. Quem acredita, precisa ir atrás para concretizar o que sonha. (…) Quero contar uma história que comova, que emocione as pessoas. E quero ir além da minha cidade e realizar este filme pelo meu estado do Pará”, enfatiza. Confira o depoimento da diretora gravado durante as Oficinas Audiovisuais, no Rio de Janeiro: http://youtu.be/KYQf6I6wm_g Foto de Capa: Ratão Diniz

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