Revelando os Brasis | Palmeiras (BA) mostra o outro lado dos bares da vida

EDIÇÃO - Ano V

Palmeiras (BA) mostra o outro lado dos bares da vida

 

Encravada no peito da Chapada Diamantina, Palmeiras é uma cidade baiana cheia de encantos que a natureza não se negou a doar com abundância para quem por lá passasse ou ficasse. Desde o tempo antigo do garimpo de diamantes até os atuais dias de movimentação turística, o município guarda ainda nas sombras de suas ruas e montanhas a dor da existência humana. O alcoolismo que inundou as noites de desesperança de garimpeiros que sonharam com a vida transformada pela riqueza também é o mesmo que abraça as ilusões de muitos que ali vivem hoje.

Moradora da cidade, Ana Paula Rocha de Souza, de 19 anos, percebeu a tempestade pessoal de homens e mulheres que costumam frequentar os bares espalhados pela cidade e decidiu descobrir a relação de Palmeiras com seus alcoólatras. Selecionada pela edição V do Revelando os Brasis, a história começou a ser gravada na quinta-feira (05/06) e as filmagens terminarão neste domingo (08/6).

A jovem baiana participou das oficinas audiovisuais realizadas pelo projeto no Rio de Janeiro, no mês de fevereiro. O curso, que reuniu 20 moradores de pequenas cidades com até 20 mil habitantes de várias partes do país, repassou noções básicas sobre roteiro, produção, direção, fotografia, direção de arte, som, dentre outras disciplinas. A finalidade era preparar os participantes para transformar as histórias que contaram em documentários ou ficções de curta-metragem.

O Revelando os Brasis promove a democratização do acesso aos meios de produção audiovisual, oferecendo aos moradores das pequenas cidades com até 20 mil habitantes a possibilidade de contar suas próprias histórias através do cinema. Trata-se de um instrumento de registro da memória e da diversidade cultural do país e revela novos olhares sobre o Brasil. O projeto é realizado pelo Instituto Marlin Azul com patrocínio da Petrobras através da Lei Rouanet.

A história – Dona de um temperamento sensível, observador e questionador, a estudante decidiu não desviar o olhar de um drama pessoal que traz consequências familiares e sociais. Ela conta que escolheu o tema porque lhe chamou a atenção o grande número de pessoas atingidas pela dependência química na região.

No texto enviado para o concurso de história, ela explica: “Essa felicidade líquida, seus pontos de venda, seus vários preços, cores e seus consumidores trazem algo de universal e ao mesmo tempo de particular. A cidade e sua ligação com esses indivíduos provavelmente não possa ser totalmente compreendida, entretanto rende bom material para questionar-se o mundo, os outros e a si mesmo”.

Sua intenção é revelar o que se esconde por traz do desejo de beber, quais motivos levam alguém a esta entrega sem limites e quem são estas pessoas tocadas pelo álcool para tentar compreendê-las. “Quero mergulhar no universo de vida dos personagens selecionados para contar a história, entrar em suas casas, conversar com elas e com suas famílias”, relata a diretora cuja personalidade se especializou em ouvir as pessoas, principalmente, aquelas que perderam a noção da realidade e que, na maior parte das vezes, sentem-se excluídas e negligenciadas.

A diretora – Bem à frente de seus 19 anos de vida, Ana Paula tem uma mente vibrante, dinâmica e sedenta por novos conhecimentos e experiências. Desde criança desenvolveu o hábito de estudar sozinha, se antecipando e até se estendendo, por diversas vezes, ao aprendizado dos currículos.

Aos 13 anos, começou a dar aula de reforço escolar para os colegas de sala e chegou a ter uma turma de 19 alunos no horário em que não estava no ensino regular. Não foi complicado estudar em duas escolas ao mesmo tempo quando frequentou, no mesmo ano, o 3º ano do Ensino Médio e o curso de Técnico em Informática do Instituto Federal da Bahia. Em 2012, ganhou Menção Honrosa na Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas. Misturada a uma inteligência racional vive também um temperamento sensitivo e emotivo, que a impulsiona não somente a conhecer, mas a entender as coisas do mundo.

O trabalho do pai no setor livreiro a possibilitou ter em casa uma biblioteca com mais de 120 obras literárias de grande reconhecimento mundial. Logo o interesse pela leitura era uma consequência natural para sua inquietude nata. Descobria os autores à medida que desvendava o acervo de clássicos do pai.

Na sua lista preferida de autores estão escritores russos como Fiódor Dostoiévski, Alexandre Pushkin, Máximo Gorki, Nikolai Gogol, Vladimir Voinovich, Anton Tchekhov, além dos brasileiros Machado de Assis e Clarice Lispector. Este caldeirão de impressões da diretora mais nova da edição do Revelando os Brasis aumenta a expectativa do projeto em relação ao documentário preparado na cidade de Palmeiras.

 

Confira o depoimento da diretora durante as Oficinas Audiovisuais, no Rio de Janeiro:

 

 

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