Maria Paraíba, uma das novas diretoras da quarta edição do Revelando os Brasis, criou um roteiro de suspense para divulgar a história e as belezas naturais do município de Curvelândia, no Mato Grosso. A ficção “Curva Elan Dias” conta o drama do jovem Elan Dias. Filho mais velho de um migrante nordestino autoritário e conservador, o rapaz é obrigado pelo pai a viver e trabalhar na roça. O pai, com a justificativa de despertar no filho a bravura, leva-o a uma caçada na mata, quando misteriosamente o rapaz desaparece.
Algumas horas mais tarde, o lavrador encontra vestígios que o levam a crer que Elan teria sido devorado por uma onça. Ao voltar para casa, o pai surpreende-se ao encontrar o jovem, como se nada tivesse acontecido na floresta. A partir daí, o lavrador vive amedrontado pela presença sombria do filho que passa a realizar curas na comunidade e a percorrer as matas da região, descobrindo lugares de difícil acesso e belezas naturais.
A ficção costura a trama de mistérios a fatos e lugares marcantes de Curvelândia. Uma das cenas foi gravada dentro da Caverna do Jabuti, localizada no município. A gruta, reconhecida em 2004 como a maior caverna do Mato Grosso, contém quase quatro mil metros de galerias mapeadas, compostas por salões grandes e pequenos. Além de mostrar a exuberância ambiental, o filme também reconstitui acontecimentos como um acidente ocorrido nos anos 70, envolvendo um caminhão de boi, numa estrada da cidade.
Gravação – No retorno da oficina audiovisual, no Rio de Janeiro, a diretora sofreu com a ansiedade provocada pelo desafio da realização audiovisual. “Enquanto você não começa a gravar, a tensão e a correria são muito grandes para organizar todos os detalhes. Depois você pega o espírito do trabalho e fica mais tranquilo”, conta a diretora.
Para superar a preocupação, a estratégia adotada pela diretora foi planejar as atividades. Assim, ela organizou em planilhas todas as ações necessárias para executar cada etapa do trabalho e buscou pessoas habilitadas para o cumprimento de cada tarefa. O envolvimento dos moradores impressionou a diretora. “O mais emocionante foi a movimentação das pessoas. Muita gente apareceu para ajudar nas diferentes atividades da produção”, conta Maria.
Por se tratar de uma ficção, a diretora aproveitou a oportunidade para valorizar o talento local. O elenco do filme é integrado, principalmente, por jovens do Grupo Gavião Real de Teatro, fundado na cidade. Alguns papéis foram interpretados ainda por moradores que nunca tiveram contato com a arte de interpretar.
Segunda a diretora, uma das cenas mais difíceis de filmar mostra o interior da Caverna do Jabuti. “Começamos a gravar à tarde, mas começou a escurecer. Mesmo no período do dia, o ambiente é muito escuro. Não podíamos levar um gerador por causa do custo e dos cuidados ambientais. A solução foi utilizar baterias de caminhão para iluminar a caverna”, conta a diretora, uma das admiradoras e difusoras das belezas naturais da gruta. As filmagens foram realizadas em fevereiro.
A diretora – Maria Ferreira de Souza, mais conhecida como Maria Paraíba, é formada em Pedagogia pela Universidade do Estado do Mato Grosso. Trabalha na Secretaria Municipal de Saúde de Curvelândia. Atuou oito anos em projetos de ação social voltados para a qualificação e geração de trabalho e renda dos trabalhadores locais. Esta é a segunda vez que a diretora se inscreve no Revelando os Brasis. Na última edição, sua história não fora selecionada. Com a realização do vídeo, Maria Paraíba pretende valorizar o potencial turístico da cidade e promover os artistas do Grupo Gavião de Teatro. A oportunidade também reacendeu, na diretora, a habilidade e o gosto por escrever histórias e, principalmente, deu-lhe a chance de produzir um roteiro. Além disto, o contato com a linguagem e as técnicas do cinema promoveu a inclusão audiovisual da selecionada que, em toda a sua vida, foi ao cinema apenas três vezes.