Revelando os Brasis | DOCUMENTÁRIO RESGATA HISTÓRIA ESCONDIDA HÁ MAIS DE 200 MILHÕES DE ANOS

EDIÇÃO - Ano IV

DOCUMENTÁRIO RESGATA HISTÓRIA ESCONDIDA HÁ MAIS DE 200 MILHÕES DE ANOS

Há poucos anos, na comunidade de Chiniquá, no município de São Pedro do Sul, no Rio Grande do Sul, uma aluna da escola rural mostrou para a professora de História a foto de uma escavação ocorrida na região, na propriedade da família da estudante, no ano de 1929. A imagem fora recebida pelo agropecuarista gaúcho Teotônio Béles Xavier, bisavô da menina, como presente dos paleontólogos, na década de 20, quando estes estudiosos pesquisavam os fósseis em terras brasileiras. Oitenta e dois anos mais tarde, a foto continuava preservada sob os cuidados de Bento Fragoso Xavier, filho de Teotônio e avô da estudante.
Até então restrita às lembranças da família, a imagem é um dos raros documentos históricos originais desta expedição liderada pelo paleontólogo alemão Friedrich Von Huene. Na época, os cientistas germânicos descobriram, em Chiniquá, o fóssil do maior réptil do período Triássico, com mais de 200 milhões de anos, encontrado na América do Sul. Hoje, o fóssil retirado da pequena comunidade rural encontra-se no museu da Universidade de Tübingen, na Alemanha.
Quase nove décadas após a visita dos paleontólogos, a história foi selecionada pela quarta edição do Revelando os Brasis para ser contada no documentário “Memória da Terra”. O roteiro, a produção e a direção é de Janete Dalla Costa, a professora rural da bisneta de Teotônio. O filme faz uma viagem até o espaço original onde foram realizadas as escavações e revela depoimentos inéditos dos descendentes do responsável por hospedar os expedicionários no final dos anos 20. “Após ouvir o relato, prometi resgatar esta dívida histórica com o senhor Teotônio cujo nome e importância nunca foram mencionados nos documentos. Ao longo dos anos, o agropecuarista e seus familiares morreram e a história ficou cada vez mais desconhecida pela maioria das pessoas, restringindo-se a poucos estudiosos das universidades nacionais e internacionais”, conta Janete.
Gravação – A professora realizou uma densa pesquisa de dados em bibliotecas, artigos científicos e jornais antigos. Depois da coleta e organização das informações, a construção do roteiro e do plano de produção, ela partiu para as filmagens. Como a maioria das cenas seria feita em espaços abertos da natureza, as gravações precisaram ser adiadas várias vezes em decorrência das chuvas. E, finalmente, foram realizadas em março. Somente na etapa de edição, a professora teve a dimensão da experiência de produzir um conteúdo audiovisual. “Durante a captação das imagens eu não me dei conta que estava dirigindo, interferindo e orientando o que acontecia nas filmagens. Foi na edição que percebi como aquelas imagens já tinham sido imaginadas e planejadas”, relata a diretora.
De acordo com Janete, o filme é a realização do sonho de divulgar a paleontologia de São Pedro do Sul, afastando o município da invisibilidade. Colonizada por alemães, italianos e açorianos, a cidade abriga uma das maiores reservas de bosque petrificado do planeta, tipo de fóssil formado por madeira, na qual a matéria orgânica foi substituída por mineral. Estes bosques petrificados existentes na região formam um museu ecológico a céu aberto.
A diretora – Janete Dalla Costa é formada em História e aprendiz da Formação Holística de Base (FHB) – UNIPAZ – Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), onde realizou estudos transdisciplinares, combinando conhecimentos do Cristianismo, Budismo e do Paganismo e fundamentos baseados na arte de viver em paz com a natureza. Ministrou aulas em escolas de ensino médio. É diretora do Museu Paleontológico e Arqueológico. Gosta de interpretar imagens e de estudar o tema da preservação da natureza por considerar o planeta um organismo vivo e o homem o principal agente de preservação.  Também assessora os projetos de cultura e turismo da prefeitura municipal de São Pedro do Sul.
Esta é a primeira vez que se inscreveu no Revelando os Brasis. Soube do concurso nacional de histórias promovido pelo projeto através da internet e de um folder sobre o assunto. Para a diretora, nada acontece por acaso: “Um movimento sincronístico me trouxe a este momento”. Ela conta que, depois das oficinas no Rio de Janeiro, apaixonou-se pelo universo audiovisual e, por isso, pretende realizar outros documentários. Com a experiência, decidiu ainda estudar cinema na primeira edição do Curso de Especialização em Cinema da Unifra, na cidade de Santa Maria, no Rio Grande do Sul.  Ela visualiza o projeto Revelando os Brasis como uma oportunidade para os moradores realizarem seus sonhos, divulgarem seus conhecimentos e revelarem recantos e encantos do país. Além de roteirista, produtora e diretora, Janete se também é multiplicadora das ações do Revelando ao incentivar os moradores a se inscrever nas próximas edições. “Muitas pessoas me perguntam sobre a iniciativa e como podem participar”, conta a professora.
 
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