Revelando os Brasis | Cineasta orienta moradores de pequenas cidades

EDIÇÃO - Ano V

Cineasta orienta moradores de pequenas cidades

Transformar uma história em filme leva a muitas descobertas. Para quem nunca esteve em um set de filmagem, as revelações se multiplicam. Tem sido assim a cada instante para os moradores de pequenas cidades com até 20 mil habitantes selecionados pelo Concurso Nacional de Histórias do Revelando os Brasis. Inspirados por histórias reais e inventadas, os autores assumiram o desafio de transformar o que contaram no papel em obra audiovisual. As oficinas, que integram a segunda etapa do projeto, começaram na segunda-feira (10/02) e prosseguirão até 22 de fevereiro, no Centro Cultural da UERJ, no Rio de Janeiro.

Um dos orientadores do aprendizado é o cineasta Paulo Halm. Formado em Cinema pela Universidade Federal Fluminense, é diretor e roteirista de cinema e TV. Escreveu, entre outros, os roteiros de filmes como “Dois Perdidos Numa Noite Suja”, “Achados e Perdidos” e “Olhos Azuis”, de José Joffily, “Pequeno Dicionário Amoroso”, “Amores Possíveis” e “Sonhos Roubados”, de Sandra Werneck, e “Casa da Mãe Joana 1 e 2”, de Hugo Carvana. Em televisão, é o autor da próxima temporada de Malhação, da Rede Globo, que estreia em julho. Como diretor, além de vários curtas e médias-metragens premiados, dirigiu “Histórias de Amor Duram Apenas 90 Minutos” e o documentário de longa-metragem “Hijab, Mulheres de Véu”.

Convidado para ministrar aulas de roteiro e direção, Paulo Halm elogiou o desempenho dos participantes. “Os alunos conseguiram escrever rápido o roteiro. Acho que isso aconteceu porque eles têm uma clareza do que querem, têm um objetivo. A história está dentro deles”. No entanto, comenta o professor, o fato de querer narrar uma história não significa que se está apto para filmar ou para pensar cinematograficamente. Ele explica que, primeiro, se imagina a história, depois se transforma o que está escrito, pois o filme é uma adaptação, uma recriação.

Após a experiência de transformar a história em roteiro, os alunos receberam dicas sobre direção. Os participantes foram convidados a dirigir uma das cenas do filme que se propuseram a realizar. A meta era exercitar a função de dirigir. “É preciso entender o que é planificação do filme. A filmagem é um processo de fragmentação. Filmamos as histórias em pequenos pedaços, cenas, planos, detalhes e, depois, na edição juntamos esses pedaços, e é aí neste momento que o filme nasce. Fizemos um exercício para visualizar a cena. Tem que saber escrever pensando no que vai ser filmado. Esta história está sendo contada para ser visualizada e não lida”, resume o cineasta.

Segundo Paulo Halm, as oficinas do projeto têm por intenção oferecer ao participante uma instrumentação mínima para que possa contar sua história de forma audiovisual. Para isso, o diretor e roteirista resume alguns passos. O primeiro é compreender que é uma história para ser vista. Segundo, é respeitar o tempo estipulado de 15 minutos de duração.

“A pessoa tem que conseguir encontrar os elementos mais importantes da história e tentar inserir estes elementos ao longo de 15 cenas, por exemplo. A história precisa ser contada, compreendida e sentida. É preciso dar alma e carne, inserir diálogos, descrever a cena”, salienta. De acordo com o professor, o exercício com a câmera é um choque para quem o vivencia pela primeira vez. E acrescenta: a experiência de realização audiovisual é um processo progressivo, não se aprende de uma hora para outra.

Paulo Halm é professor do projeto desde a primeira edição, lançada em 2004. “Adoro este projeto! É uma das coisas que gosto de fazer. Nesta experiência, mais importante que o resultado é o processo porque o projeto reúne pessoas de diferentes origens, procedências e formações. Há uma troca mútua. Adoro ouvir as histórias, é uma inspiração para mim como roteirista e como diretor. (…). O Revelando não é um projeto autoral, mas comunitário pois, através da realização da obra, os participantes vão devolver o que aprenderam para a comunidade. O cinema é um espelho das realidades”, descreve.

Segundo o diretor, a experiência de participar do projeto desperta ainda uma nostalgia nos professores porque resgatam lembranças do tempo em que também estavam aprendendo a construir uma obra audiovisual.

 
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