Revelando os Brasis | ANTÔNIO PETRECK VIVE!

EDIÇÃO - Ano IV

ANTÔNIO PETRECK VIVE!

Antônio amava o desenho e a pintura. Era menino quando as primeiras impressões do lápis no papel anunciavam o seu destino. Embora a mãe não compreendesse a dedicação do garoto às formas e cores, e insistisse em reclamar da distração do filho para o pai, o jovem tornou-se um dos mais conhecidos artistas da região centro-sul do Paraná. 
 
Com uma vida marcada tanto pela arte quanto pelo abandono, Antônio Petreck é a inspiração para o vídeo “Dom de Deus” dirigido por Regina Maria Pegoraro, moradora de Rio Azul, onde o pintor viveu até morrer, no dia 30 de janeiro deste ano, aos 81 anos, na mesma semana em que daria o primeiro depoimento para o filme em sua homenagem. O curta-metragem de ficção baseado em fatos reais mostra algumas das principais passagens da vida do artista desde a infância até a fase adulta. A história paranaense foi selecionada pela quarta edição do Revelando os Brasis.
 
História – Nascido em 1929, Antônio Petreck começou a desenhar e a pintar na infância. Mas seu trabalho como pintor ganhou forma e técnica depois de conhecer João Kuroski, mestre de pintura russa. Membro da Academia de Letras, Artes e Ciências do Centro Sul do Paraná (ALACS), Petreck dedicou-se à arte sacra. 
 
Apesar das oportunidades abertas pelo universo da arte, o menino cresceu marcado pela perda. O pai morreu quando Antônio era criança e a mãe o abandonou ainda pequeno, levando-o a viver com a avó. Mais tarde, a namorada o deixou pois a família da moça não aceitava o romance com um artista. A introversão passaria a compor a vida reservada e solitária do personagem. Cada vez mais a arte se tornaria seu principal canal de expressão e comunicação com o mundo e as pessoas. Antônio Petreck nunca se casou e, nos últimos meses, viveu no Lar dos Velhinhos de Rio Azul.
 
Uma das características da pintura do artista era mistura intensa de cores e chegou a desenvolver as próprias tintas. No filme, a diretora conta um dos episódios mais importante da relação de Petreck com a cidade. Em 1950, Antônio assumiu o trabalho de pintar o interior da Capela Senhor Bom Jesus, na comunidade de Cachoeira dos Paulistas, recém construída pelos moradores. 
 
O artista mudou-se para dentro da igreja onde permaneceu por três anos para executar minuciosamente a criação com tintas feitas artesanalmente. “A capela é pequena e singela vista de fora, mas transforma-se internamente numa catedral com o colorido. A obra é única, reúne pinturas desde o rodapé até a cúpula e nunca precisou ser restaurada”, conta Regina. O pequeno templo guarda pinturas da Santa Ceia, Maria e São José, anjos, além de variados florais, entre outras imagens.  
 
Gravação – A diretora teve o apoio da família do personagem e contou com a participação de mais de 50 moradores do município durante as etapas de produção e de filmagem. Crianças a idosos assumiram funções no elenco e na produção. As gravações aconteceram de 22 a 26 de fevereiro. Estavam previstas para janeiro, porém, com a morte do artista, o cronograma foi alterado para que parte do roteiro pudesse ser reformulada. 
 
O falecimento do artista abalou a diretora e sua equipe. Ela havia se encontrado pela primeira vez com o personagem após o curso no Rio de Janeiro, no Lar dos Velhinhos. Lá, descobriu o gosto de Antônio pelo cinema e soube que, no passado, ele havia trabalhado na pintura dos cartazes dos filmes exibidos no cinema da cidade. Durante a visita, Petreck revelou à diretora ainda a vontade de voltar a pintar.  Regina sonhava com que ele fosse reconhecido em vida e pudesse se sentir feliz com a obra audiovisual. 
 
“Antonio Petrek pintou muitas capelas, mas realmente conhecido se tornou agora. Antes do filme a própria comunidade não dava valor ao seu trabalho e até gostaria de trocar a capela velha por uma nova de preferência azulejada! Essa foi a triste realidade que fez com que eu escrevesse a história”, conta Regina. 
 
O curta-metragem tem gerado grande repercussão no município, mobilizando moradores, autoridades empresarias e políticas. De acordo com a diretora, um dos resultados é a elaboração por parte da prefeitura de um projeto de lei, a ser enviado à Câmara de Vereadores, visando o tombamento da capela como patrimônio artístico. 
 
A diretora – Regina Maria Pegoraro é empreendedora do ramo da hotelaria e uma incentivadora do fortalecimento turístico da cidade. Atua como presidente da Agência de Desenvolvimento do Sul e Centro-Sul do Paraná. A entidade promove projetos de desenvolvimento humano nas áreas social, ambiental e cultural. Chegou em Rio Azul, no ano de 1983, e no ano seguinte começou a participar do projeto de construção do Lar dos Velhinhos. Na época, muitos moradores não acreditavam ser possível arrecadar o dinheiro para levar adiante a obra. Mas o projeto recebeu os recursos necessários e a entidade se transformou em realidade. A casa tornou-se abrigo de Antônio Petreck nos últimos meses de vida do artista. Com a participação no projeto Revelando os Brasis, ela pretende tornar a história do pintor conhecida por todos e estimular a comunidade a preservar o patrimônio artístico-cultural do município. “O Revelando é uma oportunidade de aprendizado e de divulgação das riquezas de Rio Azul”, comemora. 

 

Galeria de Imagens

 
  1. facebook
  2. instagram
  3. youtube